O fantasioso mundo do “Aroma idêntico ao natural”

O aroma idêntico ao natural, presente em inúmeros produtos industrializados, faz mal? Descubra tudo sobre este ingrediente.

Sabe aquela sensação de entrar em uma loja de doces e ser transportado para um mundo de aromas deliciosos? Pois é, nem tudo é o que parece. A maioria dos produtos que encontramos por aí vem com um truquezinho chamado “aroma idêntico ao natural”. Parece inocente, mas esconde um mundo de diferenças.

Esses aromas são como receitas de imitação de pratos famosos: podem ter um gosto similar, mas nunca serão o prato original. É como tentar recriar o molho secreto de um chef renomado; pode ser bom, mas nunca terá a essência autêntica do original.

O que é o aroma idêntico ao natural?

Definição de Aroma Idêntico ao Natural: Vamos mergulhar no mundo dos aromas, mais especificamente no “aroma idêntico ao natural”. Esse termo soa como um enigma, mas é simples: é um aroma criado em laboratório para imitar quase que perfeitamente os cheiros que encontramos na natureza. Imagina um cientista com um super nariz, trabalhando em um laboratório cheio de tubos de ensaio e substâncias químicas. O objetivo dele? Criar um aroma que lembre exatamente aquele cheirinho de maçã fresca, por exemplo, sem usar a maçã de verdade.

Como eles fazem isso? É um pouco de ciência e muita arte. Eles estudam o aroma natural – digamos, o cheirinho do bacon. Identificam quais componentes químicos estão por trás desse aroma irresistível e depois replicam essa combinação usando substâncias químicas sintéticas. É como montar um quebra-cabeça olfativo, peça por peça, até chegar em algo que engana até o nariz mais afiado.

O resultado? Um aroma que cheira como o natural, mas sem usar o ingrediente real. Isso tem suas vantagens, especialmente em termos de custo e consistência de produção. Mas, aqui entre nós, embora seja incrivelmente parecido, nunca é exatamente a mesma coisa que o natural. Então, da próxima vez que você ver “aroma idêntico ao natural” em um rótulo, lembre-se do trabalho artístico e científico por trás dessa pequena frase. É a natureza recriada em laboratório, entregando sabores e cheiros que nos fazem viajar, mesmo que estejamos só na cozinha ou mordiscando um snack no sofá. Porém, até que ponto isso tudo é bom?!

Cientista em laboratório analisando produtos naturais e uma mesa com maça, pão, uvas e diversos tubos de ensaio coloridos.

Contraste com aromas naturais e artificiais

Basicamente, podemos observar o seguinte;

  • Aromas Naturais: Sabe aquele cheiro de limão fresquinho ou de rosas recém-colhidas? Isso é aroma natural. Eles vêm diretamente da fonte – as frutas, flores, ervas, tudo o que a Mãe Natureza oferece. São extraídos de ingredientes reais, sem nenhum truque. É a natureza pura, sem filtros.
  • Aromas Idênticos ao Natural: Esses são os gêmeos quase idênticos dos aromas naturais, mas criados em laboratório. Eles usam componentes químicos para copiar o aroma original encontrado na natureza. Por exemplo, o aroma idêntico ao natural de morango vai cheirar como morangos, mas não vem deles. É tipo um dublê de aroma.
  • Aromas Artificiais: Agora, os aromas artificiais são como os artistas de rua que fazem caricaturas. Eles tentam imitar o aroma natural, mas com uma liberdade criativa maior. Usam uma mistura de substâncias químicas que não necessariamente existem no aroma original. É um aroma baseado na ideia do natural, mas com um toque de fantasia.

Quanto aos ingredientes químicos, aí que a coisa fica interessante. Muitos aromas, especialmente os artificiais, usam coisas como aldeídos, ésteres e cetonas. Essas substâncias podem ser seguras em pequenas quantidades, mas o excesso nunca é bom, né? Em grandes quantidades, podem causar alergias ou reações adversas em algumas pessoas. E sempre tem aquela dúvida: será que a longo prazo eles podem fazer mal? A ciência ainda está nessa investigação, e considerando isso, como podemos afirmar que o que estamos consumindo, talvez já poderia ser considerado como “Grandes quantidades”?!

Laboratório onde são feitos aromas idênticos aos naturais, com diversas frutas e tubos de ensaio

Prevalência no mercado

Imagine que cada vez que você entra em um supermercado, está entrando em um mundo onde os aromas são os protagonistas invisíveis. Eles estão em praticamente tudo, desde aquele pacote de biscoitos até as refeições prontas congeladas. Os aromas, sejam naturais, idênticos ao natural ou artificiais, desempenham um papel crucial em como percebemos os alimentos.

Em alimentos altamente processados, os aromas ganham ainda mais destaque. Por quê? Porque durante o processamento, muitos alimentos perdem parte de seu sabor original. Então, esses aromas vêm para tentar salvar o dia, trazendo de volta aquela sensação de frescor ou de “feito em casa” que tanto amamos.

Além disso, os aromas também são usados para criar novas experiências gustativas. Eles podem transformar um simples iogurte em um super iogurte de frutas tropicais ou fazer com que um simples snack tenha o sabor acentuado de queijo ou bacon, mesmo sem conter esses ingredientes de verdade.

Mas por que essa prevalência toda?

A resposta é simples: eles vendem. Aromas extremamente atraentes fazem com que os alimentos pareçam mais apetitosos, estimulando nossos sentidos e, consequentemente, nosso desejo de consumi-los. O uso de aromas idênticos aos naturais também é importante para a indústria, pois oferece maior controle na produção e também redução de custos.

Saindo um pouco da parte gastronômica e indo para a higiene pessoal, pense comigo; Qual a primeira ação que você toma, ao pegar um sabonete em mãos?! Você o cheira, não é mesmo? Pergunte-se se você tem feito isso com os alimentos naturais que você está consumindo. Agora reflita; os alimentos entram no seu corpo, o sabonete, não. Se algo que você ingere é tão mais importante, porque você não dá a mesma atenção? Vamos pensar nisso.

Cesta com banner frito e crocante e ao lado, um tubo de ensaio onde estaria a essência do aroma idêntico ao natural de bacon

Fabricação de Aromas Idênticos ao Natural

Análise e Replicação Química: O processo para criar um aroma idêntico ao natural começa como um verdadeiro mistério científico. Cientistas analisam o aroma natural desejado – seja o cheiro de uma maçã ou o aroma de bacon fresco, entre outros. Eles desvendam este aroma em suas componentes químicas fundamentais. Usando tecnologia avançada como a cromatografia gasosa, eles identificam cada molécula que compõe esse aroma natural. A partir daí, é hora de replicar. Utilizam-se substâncias químicas sintéticas para reconstruir esse aroma, peça por peça.

Em contraste, a extração de aromas naturais é mais direta, embora não menos fascinante. Aqui, o aroma é extraído diretamente da fonte – sejam frutas, flores, ervas ou especiarias. Existem várias técnicas, como prensagem a frio ou destilação a vapor. Esses métodos buscam capturar a essência pura do ingrediente natural, sem alterações químicas. É uma forma de trazer a natureza diretamente para os nossos sentidos, sem o intermédio de processos sintéticos.

Há uma complexidade inerente no processo de fabricação dos aromas idênticos ao natural, que envolve um entendimento profundo da química dos sabores e aromas. Isso contrasta com a simplicidade relativamente maior da extração direta de aromas naturais, que depende mais de processos físicos do que químicos.

Aroma idêntico ao natural de bacon, é vegano?

No Brasil, a legislação não exige que os fabricantes informem a origem dos aromatizantes em seus rótulos. Portanto, é importante que os consumidores veganos se informem sobre os ingredientes dos produtos antes de consumi-los. Mesmo os aromas sintéticos, podem conter traços do produto natural.

Aqui estão algumas dicas para saber se um aroma idêntico ao natural é vegano:

  • Verifique a lista de ingredientes do produto. Se o aroma estiver listado como “aroma natural”, é possível que ele tenha sido obtido a partir de uma fonte animal.
  • Se o aroma estiver listado como “aroma idêntico ao natural”, é mais provável que ele seja vegano. No entanto, ainda é necessário verificar a origem do aroma com o fabricante.
  • Procure por produtos que sejam certificados como veganos. Esses produtos são desenvolvidos e fabricados sem a utilização de ingredientes de origem animal.

É importante lembrar que, mesmo que um aroma idêntico ao natural seja vegano, ele ainda pode ser prejudicial à saúde. Os aromatizantes sintéticos podem causar alergias, irritações e até mesmo câncer. Portanto, é importante consumir esses produtos com moderação, enquanto ainda não temos estudos suficientes para determinar a quantidade permitida de cada componente. Na dúvida, entre em contato com o fabricante para saber se aquele aroma idêntico ao natural, possui qualquer traço de origem animal.

Homem lendo embalagem de pacote de salgadinhos

Aspectos Regulatórios e a química por trás

Cada país tem suas próprias regras sobre o uso de aromas em alimentos. Aqui no Brasil, por exemplo, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é quem dá as cartas. Eles são tipo os árbitros nesse jogo de etiquetas. As regras geralmente exigem que os fabricantes declarem no rótulo se um produto contém aromas artificiais, naturais ou idênticos ao natural. Mas aí que tá: eles não precisam contar como esses aromas são feitos. É um pouco como receber um convite para um jantar indiano. Você sabe que vai ter comida, mas o cardápio? Ah, isso fica por conta da sua imaginação.

No contexto da regulamentação, como a realizada pela ANVISA no Brasil, a falta de transparência sobre como esses aromas são feitos pode ser um ponto de preocupação para consumidores. Por um lado, saber que um produto contém um aroma idêntico ao natural pode não ser suficiente para aqueles que buscam evitar certos processos químicos ou ingredientes devido a alergias, sensibilidades ou preferências pessoais.

Compostos químicos

Na arte de criar aromas idênticos ao natural, como aqueles que lembram o presunto ou o bacon, existe toda uma paleta de ingredientes químicos que os cientistas usam. Temos os aldeídos, que trazem aquela sensação de carne fresca, quase como se você estivesse na cozinha com algo saindo do forno. As cetonas entram em cena com um toque que lembra a gordura do presunto, um detalhe sutil, mas que faz toda a diferença.

Os álcoois, por sua vez, trazem mais esse aroma de carne fresca, algo que faz você pensar em um churrasco no domingo. E não podemos esquecer dos compostos sulfurosos, que dão aquele toque defumado, sabe? É como sentir o aroma de presunto logo pela manhã. Os ésteres são os artistas que adicionam um toque frutado, enquanto os ácidos orgânicos, como o ácido acético, trazem uma acidez que lembra o processo de cura. E, por fim, os compostos de pirazina, que são como os maestros dessa orquestra, trazendo aromas tostados e de cozimento.

Eu sempre segui uma regra, principalmente quando se trata de ingredientes em produtos industrializados: se você não pode ler, é melhor não comer. Essa máxima vale ouro na hora de escolher o que colocar no carrinho e principalmente, no corpo. É um jeito simples de manter a autenticidade e a saúde em dia na nossa cozinha.

Aspectos Ambientais: A Pegada Ecológica dos Aromas

A produção de aromas sintéticos e naturais também tem seu impacto ambiental. A extração de aromas naturais, dependendo do método, pode ser mais sustentável, mas também pode exigir mais recursos naturais e ter um impacto maior em termos de uso da terra. Por outro lado, a produção de aromas sintéticos, embora possa ser menos dependente de recursos naturais, envolve processos químicos que podem ter seu próprio impacto ambiental. É uma balança delicada entre a autenticidade dos ingredientes e a sustentabilidade de sua produção.

Percepção do Consumidor e Marketing: O Poder dos Aromas na Escolha do Consumidor

No marketing, os aromas são como um convite irresistível. A indústria alimentícia sabe que um bom aroma pode fazer toda a diferença na escolha do consumidor. É aquela história: você entra no supermercado e é seduzido pelo cheiro de pão fresco ou de café. Essa é a magia dos aromas trabalhando. Os consumidores, por sua vez, estão cada vez mais atentos a esses detalhes. Muitos preferem produtos com aromas naturais, associando-os a uma escolha mais saudável e autêntica, enquanto outros podem não se importar tanto com a origem do aroma, desde que o sabor esteja lá.

Em resumo, no mundo dos aromas, seja na regulamentação, no impacto na saúde, nos aspectos ambientais ou na percepção do consumidor, há sempre mais do que se vê – ou, neste caso, mais do que se cheira. É um universo fascinante, cheio de nuances, que desempenha um papel fundamental na nossa experiência culinária e nas escolhas que fazemos. A pergunta que fica é sempre a mesma; quais os riscos associados a estas escolhas.

Tudo começou na busca pelas balas de gengibre

Balas de gengibre feitas tanto com aroma identico ao natural como feitas com extrato de gengibre

Sabe, entender e ler rótulos é a chave para fazer escolhas que não só nos beneficiam em termos de saúde, mas também cuidam do nosso planeta. Quando paramos para ler aquelas letrinhas pequenas na embalagem, estamos tomando decisões informadas, não só sobre o que vai para nossa mesa, mas também sobre o impacto ambiental dos nossos hábitos de consumo. É um ato de responsabilidade com nossa saúde e com a saúde do mundo.

A minha preocupação com os aromas idênticos aos naturais começou quando eu estava com uma dor de garganta daquelas e precisava de algo para ajudar. Pensei logo nas balas de gengibre. Mas, olha só, quase todas que eu encontrava na farmácia eram feitas com aroma idêntico ao natural de gengibre. Eu sabia que isso não ia resolver meu problema. Então comecei a minha saga lendo rótulos, um por um, até que, depois de muita procura, encontrei uma bala realmente feita de gengibre de verdade.

Essa experiência me ensinou a sempre buscar o mais natural, o mais real. E é isso que eu encorajo você a fazer. Busque opções que sejam não só saudáveis, mas também sustentáveis. Às vezes, a solução está na simplicidade de voltar às origens, aos ingredientes que a natureza nos oferece.

Será que estamos dando a devida atenção ao aroma idêntico ao natural?

É verdade, existe algo genuinamente poderoso e reconfortante em se alimentar com produtos que vêm direto da fonte, sem alterações. Quando escolhemos alimentos naturais, estamos escolhendo a simplicidade e a pureza da natureza, sem as complicações e incertezas dos produtos sinteticamente modificados. É como escolher entre um suco de laranja espremido na hora e um feito a partir de um pó artificial – o natural é, sem dúvida, mais vibrante, mais saboroso e, no fundo, sentimos que é a escolha certa. Há sim, a diferença no custo. Porém, vale a pena colocar um preço na sua saúde?

Quando falamos de produtos com aroma idêntico ao natural, estamos entrando em um território ainda nebuloso. Embora muitos desses produtos sejam considerados seguros segundo as normas regulatórias atuais, há sempre a questão: será que temos conhecimento suficiente sobre os efeitos a longo prazo desses ingredientes na nossa saúde? No Brasil e em outros países, frequentemente, só damos a devida atenção a certos assuntos após algum incidente significativo. É uma realidade preocupante.

A possibilidade de que algum desses componentes sintéticos possa ser prejudicial, ou até mesmo carcinogênico, não pode ser completamente descartada. A ciência está sempre evoluindo, e o que hoje é considerado seguro pode ser visto sob uma nova luz amanhã.

A história nos ensinou a desconfiar: O Amianto era seguro

Diversos produtos fabricados onde o amianto era usado e aceito como tecidos em geral, artigos de cozinha, porcelanato, quadros e relógios

Sabe, essa reflexão sobre os aromas idênticos ao natural me faz lembrar da história do amianto. Por muito tempo, o amianto era visto como um material seguro e era usado em tudo, desde tubos até telhas, roupas e tapetes. Ele estava em toda parte, e ninguém questionava. Com o passar dos anos, no entanto, a ciência nos mostrou uma realidade bem diferente. Descobriu-se que o amianto era perigoso, causando doenças graves e até a morte em pessoas que tinham sido expostas a ele, muitas vezes sem nem saberem e muitos anos depois. Esse triste capítulo na nossa história é um alerta de que o que hoje consideramos seguro pode não ser tão inofensivo assim no futuro.

Agora, trazendo essa lição para o mundo dos aromas idênticos ao natural, fica a pergunta: será que estamos no mesmo caminho? Esses aromas, hoje vistos como seguros, podem um dia revelar um lado que desconhecemos? Eles são criados em laboratórios, com substâncias químicas que imitam os aromas da natureza, mas será que sabemos tudo sobre seus efeitos a longo prazo?

É uma questão que vale a pena considerar, especialmente porque, esses aromas não são essenciais para a nossa existência. Eles são convenientes, sim, mas temos alternativas naturais ainda disponíveis. Por que correr o risco com algo sintético ou idêntico ao natural quando temos a opção de escolher o real e o puro? Ao fazer suas escolhas no supermercado, pense nisso. Observe os rótulos. Pergunte-se: esse produto contém aromas naturais ou idênticos ao natural? E se for o segundo caso, questione-se: realmente preciso disso? Poderia escolher uma alternativa natural?

Conclusão

A história nos ensinou que o que parece seguro hoje pode não ser amanhã. Temos a chance de aprender com o passado e fazer escolhas mais conscientes para o nosso futuro. Optar por produtos naturais sempre que possível não é apenas uma escolha saudável para nós, mas também um passo responsável para proteger as futuras gerações. Vamos juntos fazer essas escolhas, pensando não apenas no sabor, mas também na saúde e no bem-estar.

Jo Meur
Jo Meur

Simplifico as técnicas culinárias e reduzo os ingredientes para ressaltar o sabor de cada um deles. Me chamo Jo, conheci a gastronomia de mais de 30 países trabalhando em navio de cruzeiro e aqui falo sobre a essência do que gosto de definir como minimalismo gastronômico. Menos ingredientes, mais sabor.

Artigos: 101

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *